segunda-feira, 18 de março de 2013

Religião e Política

Por que existem tantas religiões no Brasil e a única que tenta dominar a massa e tomar decisões pelo estado é a cristã? Não vejo nenhum budista forçar alguém a viver sob seus princípios, por exemplo.

Não me entendam mal, eu fui criado em uma familia cristã e continuei sendo por muitos anos, sem influência de ninguém. Meus pais me batizaram, mas decidi continuar com os rituais religiosos e frenquentar as missas, encontros e eventos por escolha própria. Porém cheguei a uma certa maturidade (e idade intelectual) que me permitiu ver quanta coisa suja acontece dentro de uma instituição como a igreja e quanta hipocrisia existe também. Vejam bem, não estou falando de Deus, estou falando da instituição.

Muitos padres, pastores e muitos fiéis não se envolvem diretamente com a corrupção que acontece dentro de uma igreja, porém eles financiam cegamente um falso profeta estelionatário que está acima deles.

Mas o assunto era outro, vamos refletir: uma religião pode determinar sob quais condições e normas seus seguidores devem viver, mas não deve jamais impor suas leis a toda uma nação. Ou estamos realmente retrocedendo? Se possuímos liberdade religiosa, isso quer dizer que temos a escolha de qual religião queremos ter, e a escolha também de não ter uma religião.

Agora vamos a polêmica do momento. O pastor/deputado Marco Feliciano já deixou bem claro que a união civil entre pessoas do mesmo sexo é algo que não deve existir na nossa sociedade, ele também já deu declarações contra outras religiões, declarações que incitam o preconceito e o ódio (principalmente contra o candomblé), e ele também já falou alegou que os africanos e os descendentes deles, são amaldiçoados. Bem, ele tem todo o direito de não aceitar o casamento de duas pessoas do mesmo sexo dentro da sua igreja, mas ele não pode gerar preconceito e ódio para os gays (e esperar que toda a população brasileira não aceite a igualdade de direitos porque sua religião não "permite"), gerar o mesmo ódio para as religiões que são discriminadas pela sociedade e para os negros também. Ele não pode utilizar a bíblia como argumento para obrigar todos os cidadãos (religiosos ou não) a ter a mesma perspectiva do mundo que ele tem e esquecer da mesma bíblia na hora de cobrar o dinheiro do suor do trabalho dos fiéis daquela igreja, na hora de julgar o próximo com o ódio que Jesus jamais ensinou.

Eu sou contra a existência de uma religião que promove extorsão de dinheiro, principalmente de pessoas frágeis e sem educação, assim como vários outros são. E mesmo assim eles continuam no direito deles de terem a igreja (mas não de extorquir), se mascarando de servos de Deus, inclusive para ganhar cargo público com salários de mais de 20 mil reais. Não lutamos contra a existência de pastores, lutamos contra a existência de pastores corruptos, assim como de políticos corruptos, não podemos fazer nada se a maioria deles são desonestos.

Agora o ponto principal. No seu novo cargo, como presidente da câmara dos direitos humanos, o pastor/deputado Marco Feliciano terá poder para colocar ou retirar de pauta projetos de lei relacionados a direitos humanos e defesa de minorias. E após tais declarações mencionadas acima, o que vocês acham que ele vai fazer (ou tentar fazer) com os direitos já conquistados? E com os novos que podiam ser aprovados?

Está claro o jogo de interesses que está acontecendo neste exato momento no cenário político do nosso país. A igreja evangélica está querendo voltar nos tempos e quer que a religião exerça novamente uma grande influência no estado, desrespeitando assim a suposta laicidade que há nele. A cada dia vemos mais pastores assumindo cargos públicos através do poder de persuasão que eles têm de enganar o povo ignorante e sem educação, que são a grande maioria que doam e que votam neles.

Hoje é um dia que vai ficar marcado, um dia de profunda tristeza para tantas conquistas que alcançamos no sentido de liberdade nesse país. Eleger um presidente dos direitos humanos com as portas da câmara fechadas, para que dessa forma o povo não tenha direito de entrar e presenciar, é um ato de ditadura. E isso me assusta de verdade.

Hoje eu também soube que um ruralista assumiu a presidencia da Câmara do Meio Ambiente. Quantos jogos políticos cobertos de sujeira não estão envolvidos por trás da ocupação desses dois cargos? O que está por vir me dá muito medo, e não sei se quero estar no Brasil para presenciar isso.

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