sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Paixão

"E o meu objetivo na minha vida é fazer pinturas e desenhos, tantos e tão bons quanto eu puder; então, no fim da minha vida, eu espero falecer, olhando para trás com amor e um terno arrependimento, e pensar: 'Ahh, as pinturas que eu poderia ter feito.'" (Van Gogh)

É reconfortante quando encontramos nossa paixão na vida e temos a oportunidade de usá-la como fonte diária de inspiração para nossos trabalhos. As palavras acima (livremente traduzidas por quem vos fala) ditas pelo famoso pintor mostram claramente como é sentir-se totalmente apaixonado pelo que você faz e o desejo que te domina de querer sempre aperfeiçoar-se nessa função.

No filme "Adaptação" (Spike Jonze, 2002) a personagem Susan Orlean (interpretada pela atriz Meryl Streep) precisa escrever uma matéria sobre um colecionador de orquídeas, John Laroche (Chris Cooper), para tal ela resolve passar alguns dias convivendo com ele e, dessa forma, conhecer sua rotina. Rapidamente Susan percebe que John seria capaz de tudo - arriscar sua vida, ser preso etc - para encontrar e cultivar orquídeas. Ela parece não compreender como John consegue abrir mão de tantas coisas em sua vida devido a meras flores. Em um trecho do filme ela diz: "I want to know what it feels like to care about something passionately." ("Eu quero saber como é se importar com algo apaixonadamente")

Creio que todos nós procuramos um interesse maior, assim como Van Gogh e como John Laroche, algo que nos estimula a sempre buscar mais a ponto de nos fazer parecer seres insaciáveis. São essas paixões que nos impedem de sentir um vazio em nossas vidas, o mesmo sentido por Susan no filme citado acima. Alguns conseguem encontrar essa paixão cedo, outros nem tanto. Ainda assim, penso que é necessário tê-la.

No entanto, além dos nossos interesses maiores acredito que devemos ter também interesses coadjuvantes. Eles são extremamente importantes em nossas vidas, pois são eles que mantém o equilíbrio entre paixão e obsessão pelo que fazemos. Por isso não considero nada anormal quando vejo um contador que também possui uma banda na qual toca algumas noites ou quando conheço um jornalista que é guia de trilhas durante os finais de semana.

No final das contas você sempre sabe qual é sua prioridade e em suposto caso de uma forçada escolha entre um ou outro, você não tem dúvidas de qual escolher - salvo casos em que o financeiro precisa ser considerado.