terça-feira, 4 de maio de 2010

Experiências Idílicas



Há experiências em minha vida que causam um impacto tão avassalador que me faz duvidar da veracidade de sua existência. Ocasionalmente, ao tentar relembrar certos acontecimentos do passado consigo visualizar alguns flashes de memórias que passam tão rápido e sem nitidez que me faz oscilar entre acreditar que foi um sonho muito real ou que foi um autêntico episódio idílico. Para as mentes maldosas, estou me referindo a experiências vividas sobriamente, sem o auxílio de álcool ou qualquer outra droga.

Resgatando algumas dessas memórias percebo que há uma relação direta entre a intensidade das emoções que vivi naquele momento e a sensação de fantasia que associo com ele. É como se toda a euforia que eu sentisse dominasse o meu ser e, durante aquele determinado instante, eu fosse apenas um mísero hospedeiro dos sentimentos, incapaz de pensar e agir com racionalidade.

Ao término da experiência que incita tal estado, o período eufórico cessa e, portanto, o declínio do idílico acontece bruscamente. Uma vez que o imaginário é quebrado, é permitido, dessa forma, o retorno do “real”. A partir de então, sou capaz de voltar a agir racionalmente e harmonizar as emoções que estou sentindo. Consequentemente, se torna mais fácil lembrar o que aconteceu e como me encontrava após o evento causador do que durante ele.

Um bom exemplo disso aconteceu em novembro de 2009 quando fui ao show do The Killers. Recentemente, ao escutar algumas músicas que fizeram parte do setlist dessa tour tentei recordar alguns momentos do show. Enquanto o fazia notei que minha percepção do evento estava totalmente comprometida. De fato, por um segundo tive a sensação de que não estava lá e de que havia sonhado tudo aquilo. Nem sequer as fotos e os vídeos alteram esse feeling.

O que permanece é a estranheza e a imprecisão com relação a algumas das minhas próprias memórias. E a pergunta jaz: será que deixar a euforia me dominar e viver determinados momentos intensamente prejudica minha percepção do real?




Descontrole total na abertura do show do The Killers.